A 21ª edição do Fronteiras e Tendências, dedicado a altos executivos da administração pública, demonstrou que o evento alcança sua maturidade. O tom da palestra foi multissetorial, trazendo a experiência da empresa Natura, que colocou em sua estratégia empresarial o crescimento econômico e promoção do bem-estar social e ambiental.
A palestrante foi Andrea Álvares, vice-presidente de Marcas, Inovação, Internacionalização e Sustentabilidade, que falou sobre impacto positivo no centro da estratégia. Ela se disse apaixonada pela ideia de que um mundo mais justo é possível, e que há urgência na mudança de sistemas estruturantes que hoje operam para conciliar desenvolvimento sustentável com retorno financeiro.
Para Andrea, o propósito da empresa vem por uma combinação de ter conceitos importantes no centro da estratégia, aliados à meta de de estabelecer relações mais empáticas, harmônicas e bem-sucedidas
“É uma utopia, um lugar pelo qual temos que lutar para alcançar”, acredita Andrea. Para ela, essas crenças fundadoras já davam conta da interdependência, a noção de que tudo está conectado. “São crenças que não estão na parede, mas guiam as nossas decisões no dia a dia”.
Na avaliação de Andrea, a longevidade de uma empresa está relacionada à sua capacidade de sempre manter sua capacidade de contribuição ativa à sociedade e ao desenvolvimento sustentável. “Sem isso, não teremos razão para existir no tempo. [Este aspecto] Orienta escolhas de como fazer negócios e quais produtos lançar”, explica.
Sustentabilidade e responsabilidade ambiental
A Natura mede o índice de desenvolvimento humano das consultoras de beleza, tem programa para avaliar perdas e lucros ambientais, evoluindo para perdas e lucros sociais. Os indicadores são importantes e permitiram a monetização dos seus impactos ambientais. Isso repercutiu na obtenção de certificações internacionais de proteção à biodiversidade, cadeias justas e desenvolvimento de ecossistemas
Andrea argumentou que é primordial estabelecer vínculos originários fortes ajuda a formar forma pessoas mais seguras, empáticas e conectadas com o mundo e com os outros.
Do ponto de vista social, a Natura criou crowndfounding dirigido a programas de educação. “Empresa e consultoras abrem mão de seus lucros para vender produtos fora do core de beleza, revertidos para evolução da educação básica nos países onde a gente opera. Ao longo dos anos, foram gerados mais de R$ 100 milhões, que beneficiaram milhares de crianças”, contabiliza.
“A gente desenvolve cadeias éticas de abastecimento que asseguram uma extração única que preserva os ativos utilizados, conecta isso com tecnologia de ponta”, explica. Andrea exemplifica que na comunidade extrativista Chico Mendes as mulheres tinham historicamente o hábito de usar o óleo de patauá para fortalecimento dos fios capilares. “A gente estudou geneticamente esse ativo e a viu que sua vocação é fazer isso de fato, então transformou essa constatação em uma linha de produtos para cabelo”, conta.
Com o uso de óleos vegetais, a Natura não testa em animais desde 2006. “Mais do que discurso, se você não transforma suas ambições em prática, em sistemas de gestão, ficam sendo apenas ambições, sonhos”, acredita.
Olhando para o futuro
Para Andrea, um passo essencial para a sustentabilidade de uma empresa é a atuação e geração de valor no centro da estratégia. “Se a gente não tiver uma função de valor real onde contribui para a sociedade de forma tangível, não teremos razão para existir”, afirmou.
“A transformação dos sistemas não acontecerá se toda sociedade não se der conta que temos que buscar uma nova forma de fazer negócios e de viver. Nosso modo de vida está em xeque. A gente viu isso na pandemia”. explica.
“Para isso é importante ser capaz de inovar para promover esse impacto socioambiental e nos tornarmos o grupo de beleza para o mundo e não do mundo”, finaliza a diretora.