Foto: Ana Paula Fornari Benvegnu/Ascom Enap
A partir da necessidade de tornar transversais alguns assuntos prioritários para a sociedade brasileira e o mundo, a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) apresentou, nesta segunda-feira (28), mais um tema estratégico na aula magna da 8ª turma do Programa Embarcando na Administração Pública (Onboarding)l: “Alterações ambientais e climáticas redefinem as prioridades de políticas públicas”. A temática tem movimentado agendas internacionais e pode solucionar um problema emergencial.
“Caixinhas não são verdadeiras e ninguém trabalha ou faz política sozinho. Além disso, o que a gente faz não é tão importante quanto o ‘como a gente faz’ e ‘para quem estamos fazendo’. Não tem como falar em política de desenvolvimento sem falar em como estamos afetando o nosso meio ambiente”, destacou a diretora de Educação Executiva, Iara Alves.
E para reafirmar a política estatal brasileira em torno de números nacionais e mundiais, o secretário adjunto de Meio Ambiente, Clima e Agricultura, da Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, Gabriel Lui - que há mais de 18 anos tem falado sobre essas mudanças -, apresentou dados concretos e números da reorganização política ambiental. “A facilidade em explicar a percepção das mudanças climáticas está ficando cada vez mais evidente. O que não é uma boa notícia”, constatou o secretário ao afirmar que mais eventos extremos têm ocorrido em intervalos cada vez mais curtos de tempo, no meio ambiente.
Segundo o palestrante, a avaliação comprova, ainda, que as mudanças climáticas e ambientais não são apenas uma questão de economia ou desenvolvimento, mas também falta de estrutura e preparação dos países. A partir da década de 1950, com a segunda revolução industrial, por exemplo, e o aumento do poder tecnológico, consequentemente, houve mais emissões de CO2 na atmosfera e foi intensificado o efeito estufa do planeta. “Estados Unidos, Europa e China são os grandes responsáveis, segundo os dados. Países menos desenvolvidos estão pagando a conta”, revelou Gabriel.
Entre os setores responsáveis pelas grandes emissões de gases, o de energia sai em disparada nos gráficos, devido à queima de combustíveis fósseis. No Brasil, 45% das emissões são por energia renovável, no entanto, o número ainda é maior em relação à emissão por esses combustíveis, 55%. Ao todo, anualmente, 35 bilhões de toneladas de gases são jogados na atmosfera.
Mãos à obra
Para tentar conter esses e outros números alarmantes, desde a década de 1960, o mundo tem apresentado uma ascensão do movimento ambientalista. Mais recentemente, em 2009, países voluntários apresentaram na Conferência das Partes (COP), metas para combater as emissões. No final de 2022, ficou decidida a sede da COP 2025, que será realizada no Brasil, em Belém (PA).
Com o acordo de Paris (2015), aprovado por 195 países, a meta de aumento na temperatura média global é de 1,5º grau na temperatura até o final deste século 21. As metas estabelecidas por cada país estão definidas na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês), o instrumento vinculante que, no caso do Brasil, estabelece a redução de 37% das emissões até 2025 e 43% até 2030.
Toda essa movimentação globalizada, segundo o secretário adjunto, demonstra a necessidade de preparação das nações para mudanças profundas no sistema econômico, na direção e na governança de políticas públicas. Aqui no Brasil, conforme Gabriel Lui, a própria inserção do tema em um órgão como a Casa Civil demonstra que o país tem vivido um novo momento de prioridade e transversalidade. “E para isso acontecer, a gente precisa da atuação conjunta e articulada dos ministérios. A perspectiva do governo é que a gente dê conta, cada um assumindo a sua responsabilidade, mas possamos nos comprometer e entregar os resultados chamados para a agenda ambiental”, concluiu.
Clique aqui e assista a palestra na íntegra.
Próxima turma em setembro
No próximo mês, uma nova turma do programa Embarcando na Administração Pública deve ser lançada. As informações podem ser encontradas no site da Enap. O Onboarding é uma iniciativa pensada no primeiro olhar para os recém-chegados no serviço público, que ainda não têm conhecimento aprofundado sobre as carreiras.
O programa oferece turmas exclusivas de formação intensiva em cinco módulos de conteúdos estratégicos sobre práticas governamentais, aperfeiçoamento de lideranças, entre outros temas, além de proporcionar a conexão e a aproximação entre os participantes para a troca de experiências.