“Sou contra a noção de que os governos podem resolver tudo”. A afirmação é de Deirdre Nansen McCloskey, economista formada na Universidade de Harvard e professora emérita da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. McCloskey não concorda com o discurso mundial amplamente disseminado de que o Estado deve sempre agir. Essa foi a ideia central da sua palestra na abertura da Semana da Calourada, que deu as boas-vindas aos novos alunos dos mestrados profissionais da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), nesta semana (1º a 5 de março).
Na ocasião, o presidente da Enap, Diogo Costa, reforçou a importância de unir as principais evidências apontadas pela ciência com a prática profissional, que é o foco dos mestrados profissionais da Escola: “Acreditamos não apenas em ciência baseada em evidência, mas também em gestão baseada em evidências”, disse.
Deirdre McCloskey é adepta do liberalismo do século XIX, que defende que os cidadãos de um país devem ser tratados como adultos livres – algo conhecido como “adultismo” ou liberalismo cristão. “A obrigação de atuação do Estado é com os pobres e desassistidos”, explicou.
“Nós, liberais, pensamos que para muitas coisas a melhor política é não adotar políticas públicas. Você pode pensar que isso soa como algo terrível, mas pense a respeito: quantas áreas da sua vida não têm nada a ver com a atuação do Estado?”, questionou a professora na Aula Magna. Como exemplos, ela citou o código implícito de conduta de cada sociedade (que está relacionado com a cultura dos povos) e a administração de empresas (que segue regras muito próprias dos donos dos negócios).
Na sua visão, o papel do servidor público é atuar com sabedoria, não apenas na economia, mas também em diversas outras questões, como prevenção de crimes. Para isso, uma possibilidade é adotar soluções já implementadas na iniciativa privada. “Nem sempre é desejável utilizar o poder coercitivo do Estado, propor uma lei para que ela seja cumprida”, esclareceu a palestrante.