Especialistas discutem melhores práticas para ambiente de trabalho

Os debates na Semana de Inovação 2020 mostram a revalorização que o setor público passou a ter neste ano com o esforço global para combater a pandemia do coronavírus. Nesse cenário, os servidores públicos serão fundamentais para aprimorar os serviços voltados à população. No último dia do evento, a Arena Futuros recebeu na tarde de hoje um grupo gestores e especialistas para responder questões, como: o que estamos fazendo no serviço público está dando certo e deve ser mantido? O que o deveria ser deixado para trás? E o que devemos fazer diferente?

O secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal do Governo Federal, Wagner Lenhart, avaliou a importância de reinvenção dos servidores. “Destaco a necessidade de encarar as mudanças. Elas vão acontecer e cada vez mais rápidas, principalmente no processo de mudanças tecnológicas que estamos vivendo. Encarar essas mudanças com naturalidade e clareza é muito importante”, disse.  

Fundador do Instituto República, Guilherme Coelho destacou a relevância de trabalhar em ambiente de equipe, em times coletivos. “O Google, em 2015, fez uma pesquisa grande sobre gestão de pessoas e sobre as interações entre os 51 mil funcionários deles. O mais importante que encontraram é a efetividade de times e a segurança psicológica”, contou. “É a capacidade de criar um ambiente de confiança. E para se conseguir esse ambiente, é fundamental que tenhamos partes iguais de fala para que ninguém se sinta menor que o outro”, acrescentou. 

Lisa Witter, cofundadora e presidente executiva da Apolitical, lembrou que o profissional deve acreditar em seu potencial e participar das transformações. “A Covid mudou tudo e vários governos digitalizaram tudo de forma tão rápida. Temos que acreditar na nossa habilidade de mudar. Podemos até copiar de outras instituições o que deu certo com eles. Inovação não é ineditismo. Podemos copiar e adaptar para a nossa realidade. O importante é inovar e que esse processo seja rápido”, comentou. 

A coordenadora do Comitê de Dados para o Combate à Covid no Rio Grande do Sul, Leany Lemos, ressaltou a importância do envolvimento pessoal no trabalho, no engajamento do servidor. “Paixão é essencial para qualquer coisa. Não desconectem com aquilo que fez vocês escolherem o setor público. Não abandonem isso e não abandonem a sua experiência profissional, tudo aquilo que vocês aprenderam. Aproveito para lembrar sobre a importância em ter compaixão com o colega e se importar com ele. Pode ser que o colega esteja num dia ruim, está com o pai, ou o filho doente. Não estamos bem sempre. Tem dias que podemos estar mais pra baixo”, observou. 

Coelho ressaltou o papel do servidor para a sociedade como um todo. “A moeda do reconhecimento é mais valiosa do que a moeda financeira. Um estudo 2019 levantou que a não remuneração financeira funciona 63% das vezes como estímulo. Enquanto a remuneração financeira funciona 60% das vezes. Ou seja, funciona menos do que a não financeira. Então, o reconhecer e dar valor é a grande fonte de motivação no ambiente de trabalho”, explicou.

Wagner Lenhart citou o aprimoramento da cultura organizacional. “Precisamos ver um sistema mais aprimorado e adaptado ao momento que vivemos hoje, capaz de enfrentar os desafios do futuro. Que se tenha uma cultura de cooperação, de times, de foco e resultado e reconhecimento. Não só seremos capazes de entregar mais para a população, mas também que o ambiente de trabalho se torne melhor, e que as pessoas se sintam realizadas e enxerguem o resultado do seu trabalho com mais clareza,” disse.

Leany Lemos concluiu falando sobre a sua expectativa para o futuro. “Às vezes, mesmo com pessoas sensacionais e super profissionais, não sabemos o motivo que faz com que algumas equipes entreguem muito e outras não. Eu acredito em time que anda junto e faz junto. E acho que temos que focar em boas lideranças. O gestor que tem a capacidade de enxergar o potencial das pessoas e deixar elas terem liberdade para criar, faz toda a diferença. Quando pensamos em desempenho no futuro temos que engajar os líderes, fazer uma rede e qualificar esses profissionais”, concluiu.